O Dia de São João, celebrado em 24 de junho, é uma festa tradicional de grande importância, especialmente no nordeste do Brasil. Essa data homenageia São João Batista, aquele que chamou de víboras os religiosos fariseus e afrontou a nobreza em suas corrupções legitimadas pelo seu status social, também, conhecido por sua pregação sobre o arrependimento e por batizar Jesus Cristo.
A celebração é marcada por fogueiras, danças, quadrilhas e muita alegria, refletindo uma rica herança cultural.
São João Batista é frequentemente visto como um símbolo da justiça divina. Ele viveu uma vida de integridade e verdade, pregando a necessidade de retidão e arrependimento. Sua mensagem enfatiza a justiça que não se corrompe e busca a verdade acima de tudo, valores profundamente enraizados na doutrina cristã.
No Brasil, ocorre um sincretismo religioso mal compreendido entre o catolicismo e as religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Esse sincretismo é particularmente evidente na figura de São João, associado ao Pai Xangô, um dos orixás mais poderosos e respeitados nessas tradições. Xangô, conhecido como o orixá da justiça, dos raios e trovões, é frequentemente representado segurando um machado duplo, símbolo de seu poder e capacidade de julgar com equidade.
A associação entre São João e Xangô se baseia na forte característica de justiça que ambos compartilham. Enquanto São João é um arauto da justiça divina no cristianismo, Xangô desempenha um papel semelhante no panteão afro-brasileiro, sendo visto como um guardião da justiça e protetor contra as injustiças. Essa conexão demonstra como diferentes tradições podem se entrelaçar, enriquecendo a cultura religiosa do Brasil apesar de toda perseguição que possa ocorrer a quem não professa a fé em Cristo.
Evidencia-se um frágil conceito de liberdade religiosa, podemos interpretar essas tradições como expressões de um desejo humano de união com o divino. A liberdade religiosa permite que indivíduos e comunidades ressignifiquem suas práticas e crenças, encontrando novas formas de conexão e aliança com Deus e seus Reinos divinos. Esse direito fundamental garante que cada pessoa possa buscar e expressar sua espiritualidade de maneira que ressoe com sua própria experiência e herança cultural.
No contexto do Dia de São João, a liberdade religiosa permite que a celebração seja um espaço de união, onde diferentes tradições se encontram e se complementam. Celebrar São João pode ser visto como uma maneira de se aproximar de Deus, seja através da veneração cristã de São João Batista ou da reverência afro-brasileira a Xangô. As fogueiras de São João, por exemplo, podem ser interpretadas tanto como um símbolo do fogo purificador de Xangô quanto como um elemento tradicional das festas juninas católicas.
Entretanto, a figura de São João Batista indica ser uma pessoa que segue os mandamentos da Lei de Moisés e profeta da antiga Aliança com o povo de Israel.
Portanto, o Dia de São João no Brasil é um exemplo de como podemos ter a liberdade religiosa que pode promover a união e a compreensão mútua entre religiões de matrizes diferentes. Ao permitir que diferentes práticas e crenças coexistam e se enriqueçam mutuamente, a liberdade religiosa não só fortalece a identidade cultural do país, mas também ao facilitar uma conexão mais profunda e significativa com o Divino e sua criação.
Celebrar São João ou o Dia de Pai Xangô é, assim, uma forma de honrar a diversidade religiosa e a busca universal do desvelo dos mistérios ocultos ao leigo, a aproximação com o Sagrado na união com Deus e seus Reinos Divinos.